Nem faz tantos anos, o mercado brasileiro vivia basicamente de motocicletas touring, street – hoje chamado de naked – trail e sport. A não ser pela volta das scooters e pelo surgimento dos modelos clássicos – ironicamente, o único nicho realmente novo –, diversos outros segmentos foram criados a partir da mistura destes grandes gêneros. E é nessa pulverização que as montadoras tentam encontrar a senha para ter acesso ao consumidor. E o Salão Duas Rodas mostrou bem esta diversidade.

As novidades apareceram em praticamente todos os subnichos existentes e imagináveis. E criou situações incomuns. Os modelos da Harley-Davidson, por exemplo, aparecem esbanjando tecnologia, com sistemas multimídia, luzes em led e motores modernos. Enquanto isso, a BMW reforça a aposta no segmento de motos pequenas com a G 310 GS. O mesmo fez a Yamaha, que mostrou a nova Fazer 250 e uma nova versão da ainda recente Crosser 150. As veteraníssimas motocicletas da Royal Enfield apareceram com autoridade em no segmento de clássicas, onde também se fizeram presentes a Kawasaki Z 900 e a Triumph Bonneville T100 Black. Já Ducati e Suzuki deram destaque para modelos mais esportivos, a primeira com a Monster 797 e a SuperSport S. A segunda com a supertecnológica GSX R 1000R. A Honda, que tinha o maior estande da feira, também tratou de apresentar a nova geração da superesportiva CBR 1000 RR Fireblade, com 192 cv e 196 kg. 

O que mais chamou a atenção, no entanto, foi um outro modelo da Honda, que era quase indefinível e que virá importada da Itália. Trata-se da X-ADV, sendo que ADV seria uma referência a Adventure e a Advantage, pois trata-se de um modelo com aptidões off-road em um conceito de motocicleta bastante arrojado. A X-ADV traz câmbio automático de dupla embreagem e corpo de big scooter, embora tenha transmissão final por corrente.

O Melhor do Salão Duas Rodas

BMW Motorrad – A marca alemã apresentou a versão aventureira de sua motocicleta de média cilindrada, a G 310 GS. O modelo será produzido em Manaus e deve ser lançada apenas em meados de 2018 por um valor aproximado de R$ 25 mil, ligeiramente superior ao praticado hoje com a G 310 R, de R$ 21.900. Outra promessa para o ano que vem é da renovada touring K 1600 GTL, com motor de seis cilindros em linha e 160 cv de potência. A BMW expões também a motocicleta mais esportiva que já produziu: a HP4 Race. Ela tem quadro em fibra de carbono e motor de quatro cilindros de 215 cv. Serão apenas 750 unidades produzidas em todo o mundo, cinco delas destinadas ao Brasil pelo preço de R$ 490 mil cada.

BMW G310 GS

Dafra – A marca brasileira aposta na renovação de seus produtos de origem oriental. A Apache RTR 200, da indiana TVS, substitui a antiga Apache RTR 150. O motor monocilíndrico agora rende 21 cv e traz freios combinados. Caso semelhante ocorre com o modelo da taiwanesa SYM. A antiga Next 250 dá lugar à Next 300. A cilindrada passou de 249 para 278 cc e seu motor rende agora 27 cv, 2 cv a mais que a antecessora. O câmbio é de seis marchas e também tem freios combinados. Todas as mudanças visam adequar os modelos às novas exigências da legislação brasileira, tanto em relação à segurança quanto a emissões.

Dafra Apache

Ducati – A marca italiana, controlada pela alemã Audi, apresentou quatro novidades principais: duas mundiais e duas locais. Entre as mundiais, a maior aposta da marca para o Brasil é na nova geração da naked Monster 797, que traz um visual arrojado e preço bastante competitivo, de R$ 39.900. O motor é o mesmo da linha Scrambler, um 803 cc de 75 cv. Também apresentada no Salão de Milão, a SuperSport S traz um motor de 937 cc com comando desmodrômico e 113 cv de potência, mas sem preço definido. A primeira das duas versões desenvolvidas para o Brasil é a Scrambler Custom, com estilo Cafe Racer e o mesmo preço da Monster 797: R$ 39.900. A outra é a Multistrada 1200 Enduro Limited Edition, que chega com dois tipos acessórios: um com protetores para tanque, radiador e freios, e outro no estilo touring, com malas laterais, baú e manoplas aquecidas. O preço começa em R$ 94.900.

Ducati Monster 797

Harley-Davidson – A marca norte-americana foi umas das que apresentou o maior número de novidades no Salão Duas Rodas. E  tem uma boa justificativa para isso: a nova suspensão e o novo motor Milwaukee Eight estão sendo democratizados por todo o line-up. Agora eles chegam em sete modelos da linha Softail, que passa a contar com uma plataforma 65% mais rígida, com suspensão dianteira SDBV, com duas válvulas internas que controlam o fluxo hidráulico, e traseira monoamortecida com ajuste milimétrico da pré-carga para até 217 kg.

Harley-Davidson Fat Bob

Este conjunto está nas novas gerações de modelos como Street Bob, DeLuxe, Softail Slim, Fat Boy, Fat Bob, Breakout e Heritage Classic, que passam a dispor, dependendo da versão, dos motores 107 e 114 – 1753 cc e 1.868 cc.  Outra novidade da marca é a linha Road Glide, com três modelos: Special, Ultra e CVO. Junto com a CVO Limited, a CVO Road Glide divide a estreia do novo motor Milwaukee-Eight 117, ou 1.923 cc, o maior já construído na história da Harley.

Harley-Davidson Street Bob

Honda – A maior fabricante de motocicletas do planeta trouxe diversas novidades para o Salão Duas Rodas. Entre as que têm desembarque no Brasil confirmado, três chamam a atenção e vão chegar ao longo de 2018. A primeira é a CBR 1000 RR Fireblade, a superesportiva da marca que nesta geração finalmente adotou sistemas eletrônicos de controle dinâmico, como controle de tração, ela agora tem 192 cv e 196 kg – 11 cv a mais e 15 kg a menos – até o número de raios das rodas caiu de seis para cinco para aliviar a balança. Ele aparece em duas versões. A “normal” por R$ 69.990 e a SP, de Special Performance, por R$ 79.990. Na SP, ela pesa um quilo a menos por conta de peças em fibra de carbono e a suspensão tem ajuste eletrônico.

Honda CBR 1000 RR Fireblade

A segunda novidade é a nova geração da touring GL 1.800 Gold Wind, com um motor seis cilindros boxer e toda tecnologia disponível na marca, inclusive Apple CarPlay. Na versão standard, ela vem com um câmbio manual de seis marchas e na Tour, um de dupla embreagem com sete velocidades e airgbag frontal. A terceira novidade é também a mais inusitada. Trata-se do modelo X-ADV, um conceito que mistura postura de pilotagem de scooter com característica de bigtrail. O modelo será importado da Itália, mercado para o qual foi desenvolvido, e vai ser vendido no Brasil por R$ 52.500. O motor e o chassi são os mesmos utilizados na NC 750X vendida no Brasil, mas o câmbio é sempre automático de dupla embreagem com seis velocidades. Além desses três modelos, a Honda apresentou a nova Biz, reestilizada e com faróis em led, uma versão DLX, mais luxuosa, para a SH 150i, e uma versão Sport para a PCX.

Honda X-ADV

Indian – A rival histórica da Harley-Davidson teve dois anos bem difíceis, desde que estreou no Brasil no Salão Duas Rodas de 2015. Por isso mesmo, manteve um certo comedimento nas novidades. A maior aposta são as versões Dark Horse para os modelos Chief, Chieftain e a Scout Bobber, que também segue a linha de poucos cromados e pintura em preto fosco.  As duas primeiras são animadas por um propulsor de 1.811 cc, enquantro a Scout tem um motor de 1.133 cc. A Chief Dark Horse chega por R$ 69.990, a Chieftain Dark Horse por R$ 94.990 e a Scout Bobber começa em R$ 49.990. 

Indian linha black

Kawasaki – A marca japonesa não exibiu grandes novidades em seu estande. Dois modelos chamaram a atenção. A nova Ninja 400, com motor bicilíndrico de 45 cv, que vai “matar” a Ninjinha 300 em 2018, e a Z 900, com estilo retrô e montada com um quadricilíndrico de 948 cc e 125 cv de potência.

Kawazaki Z900

Royal Enfield – A marca indiana vem crescendo no mundo inteiro por conta de uma estratégia bem acertada, de modernizar seus produtos sem perder o visual ou a essência originais. Para o Salão Duas Rodas, a Royal reservou a apresentação da série Redditch, da linha intermediária Classic 500, por R$ 20.900 – a marca tem ainda as linhas Bullet 500, de entrada, e Continental GT, de topo. O propulsor é sempre o monocilíndrico de 500 cc, de 27,2 cv.

Royal Enfield Reeditch

Suzuki – A maior novidade da montadora japonesa foi a nova geração da esportiva GSX-R 1000 R, com 199 cv, controle de tração com 10 modos de pilotagem, sistema quick shift tanto para subir quanto para reduzir as marchas sem o uso de embreagem e controle de largada, entre outros recursos.

Suzuki GSX-R 1000R

Triumph – A marca britânica exibiu a nova geração de sua campeã de vendas, a Tiger 800, mostrada pela primeira no Salão de Milão, no início do mês. O modelo, que vai chegar em meados de 2018, apareceu em três versões: XRx Low Seat, XRT e a top XCa. O motor de 800 cc e três cilindros foi retrabalhado e agora gera 95 cv. O chassi também recebeu diversas melhorias e há agora um novo modo de pilotagem, para alta performance no off-road e agora há a possibilidade de desligar totalmente os auxílios eletrônicos e usar a motocicleta como um veículo analógico. No total, foram mais de 200 melhorias. Outra novidade da marca é a versão Black para a Bonneville T100.

Triumph Tiger 800

Yamaha – A Yamaha reservou para o Salão Duas Rodas novidades com a missão de fazer volume de vendas no mercado. A principal é a nova geração da YS Fazer 250 (veja a avaliação em MotoMundo). Mas também chamou a atenção a nova Crosser 150 Z, mais voltada para o uso no off-road. A Crosser Z tem para-lamas dianteiros altos, protetores de bengala e cores exclusivas. Com a chegada da versão Z, a Crosser original passa a ser identificada como S.

Yamaha Crosser Z


Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Eduardo Rocha/CZN e Divulgação